A FORÇA DE UM SÍMBOLO



O símbolo tem a natureza dúplice de participar do mundo real e do mundo fantasmático.

Entre os milhares de significados e sentidos que são atribuídos ao fogo – esse velho conhecido do homem – podemos destacar a individuação, ou seja, a capacidade de se tornar indivíduo, de existir enquanto criatura criadora, participatuante na geração/consumação de vida e de desejos.



Saber lidar com o próprio fogo é uma das lições preciosas que devemos aprender ao longo de nossa jornada. Saber dosá-lo, quando atiçar, quando abrandar, quando afastá-lo e quando se aproximar dele.

Reverência e devoção são necessárias. É preciso acender, manter aceso, controlar. Há o perigo. Há o medo. Há a possibilidade de tudo se incendiar, se acabar. Mas se você não for lá, não atear, não acender então há o perigo da inércia, da omissão, da indigência.

Nosso fogo não pode apagar e não pode incendiar, com o tempo percebemos que em algumas épocas precisamos revolver e assoprar e em outras abafar um pouco.

Nosso fogo é nosso fôlego, élan, marca, história, herança. Certeza de estarmos vivos. Nosso céu e nosso inferno. Com ele começamos, sem ele findamos.

Minhas velas-ao-redor me lembram da severidade e da responsabilidade existenciais. Iluminam o perigoso caminho da omissão, chamando minha presença, decisão, escolhas. São um sinal de que ainda existem caminhos de vida pura para percorrer, que ainda uma vez, e outra vez, é preciso engravidar, se apaixonar, ferver, apostar e mais e mais viver.

Ainda gostar, ainda conhecer, ainda encontrar, não descuidar, nunca esquecer.

Obrigada, André Silva, por me ajudar a interpretar.