Promessas...


Prometo, às vezes, me deixar em paz;
Prometo, um dia, ser útil para alguém ;
Prometo me divertir!
E viajar para bem longe ,uma vez na vida...
Prometo dormir com música clássica.
Prometo, todo dia, olhar o céu!
E comer fruta e beber água.
Prometo de vez em quando lavar a louça...
E visitar os amigos e familiares!
Prometo às vezes cozinhar, cuidar do jardim, escrever meus devaneios...
Prometo ser eu mesma, não sentir culpa, nem me arrepender...
Prometo emagrecer, malhar ... e de vez em quando rir!!
Prometo, às vezes, esquecer!
Prometo de vez em quando viver, de vez em quando ingerir veneno...
Prometo não prender o choro, nem o grito!
Prometo de vez em quando dormir...
E prometo ter misericórdia;
Prometo tentar...
Prometo ser humano!
E prometo, todo ano:
PROMETER!!!

Uma vida pra viver

 Se eu pudesse eu viveria num lugar assim: simples, perto de uma montanha, com muitos pássaros ao redor.
Se me fosse dado escolher eu teria filhos que fossem meus amigos, companheiros e que compartilhassem dos meus sonhos e desejos!
Se minha morada pudesse ter um bom quintal, com um mensageiro dos ventos e onde uma azaléia abarrotada de flores vivesse brigando com um pé de acerola pelo espaço lateral da garagem!



Ah! Se eu pudesse viver aqui! Onde as tardes frescas de primavera orquestram o ritmo do vento nas folhas das frutíferas, no fundo do quintal, até que o pôr do sol chegue e derrame seu dourado sobre tudo!
Onde o pão fresco é servido à mesa enquanto o croc croc da cafeteira vai lançando um cheiro de casa no ar!
Ah se eu pudesse viver assim! Onde o medo de não alcançar o sucesso-na-vida não cegasse a abastada pessoa que já recebeu o sublime dom de Existir!
Ah uma casa simples, com vasos na janela, numa rua qualquer, com o som dos meninos correndo, uma poltrona, chinelos, um café!
Onde um silêncio, por vez e outra, entra e se esparrama fazendo uma maré de sossego, inundando as coisas, trazendo a doce lembrança do Sagrado Incorruptível que jaz sob todos e quaisquer tempos!
Ah se ainda desse tempo, se eu pudesse, se me fosse dado por pura sorte...
Eu esqueceria meus mega-projetos, minhas auto-imposições, esqueceria minhas metas e obrigações... e até.. minhas piores dores e medos... tudo eu daria...
se eu pudesse... escolheria a minha própria vida pra viver!!!
Mas qual! Passou o meu tempo de ser simples! A arrogância de criar a minha vida, de me tornar em “algo melhor” me tomou, me levou de mim...
O desejo de me reinventar me seduziu, me alcançou... sigo agora em busca da resposta, da revelação, da decodificação...



Mas um dia, quem sabe um dia... eu consiga desvendar o mistério e descobrir que a minha fortuna inabalável reside numa casa qualquer de um bairro simples, numa tarde quieta de primavera, na horinha de passar o café!!!