Café com Leite

Vejo o pôr do sol! Está diante de mim. Um pouco abaixo dessa varanda da padaria. Meus olhos estão cheios de luz, mas não se ofuscam. Já é luz morredoura.

O café com leite está a meio gosto: nem gôsto de café nem gôsto de leite; como já pedia meu pai.
Está calor mas não está insuportável. O dia finda. Ouço o sino da igreja tocando. Essa música Ave-Maria é tão calmante!
Foi um longo e intenso dia de trabalho. O pão tão fresco recém-assado renova minhas forças. Sigo para a faculdade.
Esse momento sem sustos ou medos seria um recorte do real?
Exceção ou normal? Gostaria de dizer: _"Obrigada"!
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créditos da imagem: http://www.google.com/imgres? acesso em 11/11/2012

Licença para Envelhecer

Velha Sábia, firme lúcida e decidida. Mantenedora da centralidade, a que sabe, a que ensina, a conselheira... Cadê?


Mas o que é feito das velhas, das madonas, das matronas? Cabelos brancos, sorriso nobre. Onde está a sabedoria, a segurança e a serenidade da minha geração, onde está minha vó? Achou de morrer tão cedo e me deixar aqui sem, modelo pra envelhecer. 
Eu não sei envelhecer alguém pode me ensinar? Alguém pode me ensinar a arrastar os chinelos, a rezar criança e a cozinhar um xarope pra gripe?
Porque as mulheres da minha geração estão em guerra contra o envelhecimento. Precisamos frequentar a academia, pintar os cabelos e os olhos. Temos que gastar todo o nosso dinheiro com as mirabolancias do comércio de disfarces. É proibido ser velha! Aff! Agora que chegou o meu dia de envelhecer tenho que me disfarçar em jovem.

E o jeito dos cabelos e as roupas e a nova vitamina e o mais novo extrato vegetal são os guardiãos da juventude a qualquer custo!
Queria plantar um jardim, costurar, fazer tricot, rezar. Mas isso é pura perda de tempo! 
Mas que tempo sem velho é esse? Chamar alguém de velho é xingar! Putz! Mas todo mundo um dia, se sobrevive, fica velho, bom, experiente. Sabe muito? Não!  Não?
Não, porque o conhecimento se tornou volátil. A cada minuto que passa o que era nutritivo se torna venenoso e de novo nutritivo (exemplos carne vermelha e gema de ovo) e assim vai. 
Vemos um intenso culto ao jovem, iniciante, à novidade e a velocidade. O tempo aliado à novidade fazem tudo perecer, perder a validade...



Ganhamos conhecimentos e jogamos fora trocamos por novos, como o fazemos com as roupas, os carros, e...
com as pessoas. 

A FORÇA DE UM SÍMBOLO



O símbolo tem a natureza dúplice de participar do mundo real e do mundo fantasmático.

Entre os milhares de significados e sentidos que são atribuídos ao fogo – esse velho conhecido do homem – podemos destacar a individuação, ou seja, a capacidade de se tornar indivíduo, de existir enquanto criatura criadora, participatuante na geração/consumação de vida e de desejos.



Saber lidar com o próprio fogo é uma das lições preciosas que devemos aprender ao longo de nossa jornada. Saber dosá-lo, quando atiçar, quando abrandar, quando afastá-lo e quando se aproximar dele.

Reverência e devoção são necessárias. É preciso acender, manter aceso, controlar. Há o perigo. Há o medo. Há a possibilidade de tudo se incendiar, se acabar. Mas se você não for lá, não atear, não acender então há o perigo da inércia, da omissão, da indigência.

Nosso fogo não pode apagar e não pode incendiar, com o tempo percebemos que em algumas épocas precisamos revolver e assoprar e em outras abafar um pouco.

Nosso fogo é nosso fôlego, élan, marca, história, herança. Certeza de estarmos vivos. Nosso céu e nosso inferno. Com ele começamos, sem ele findamos.

Minhas velas-ao-redor me lembram da severidade e da responsabilidade existenciais. Iluminam o perigoso caminho da omissão, chamando minha presença, decisão, escolhas. São um sinal de que ainda existem caminhos de vida pura para percorrer, que ainda uma vez, e outra vez, é preciso engravidar, se apaixonar, ferver, apostar e mais e mais viver.

Ainda gostar, ainda conhecer, ainda encontrar, não descuidar, nunca esquecer.

Obrigada, André Silva, por me ajudar a interpretar.

SOU FRÁGIL


Ela está em mim e eu estou nela,
a minha fragilidade está  intacta, jamais consigo arranhá-la
porque é existencial, estrutural, não conquistada,
vivida, vívida
tenho medo dela mas ela me defende, e em tudo sou frágil,
nas decisões sobre o que sou, sobre o que eu devo ser,
nos encontros, nas certezas, nas escolhas.
Mas no que sou mais frágil é na minha capacidade de exigir, no meu orgulho, na minha indignação...
porque é uma indignação tão frágil, que não muda nada, não  muda o mundo, não me muda,
só me faz mais frágil pelo que percebo que deveria tecer, dizer, construir e não ajo...
mas ela me constitui, me protege de não-ser
me livra de atacar, de matar, de fugir, de mudar,
se me encho de coragem, é contra e em reação ao meu avesso frágil,
então, na minha âncora-fragilidade, fico, existo, resisto, persisto, sobrevivo

frágil, respiro
frágil dirijo,
frágil trabalho,
frágil lavo os lençóis,
frágil cozinho, frágil  continuo, não paro, ando
frágil compro tudo o de que não preciso e o que preciso e  vivo
frágil sonho com um mundo melhor,
frágil desejo um futuro brilhante,
frágil me dispo da fé,
frágil me ponho de pé
e outro dia, vivo, emerjo
venço a rotina, desejo
sinto compaixão, e anseio
por mais uma vez, e ainda,
ser,
 se não o fora de outra maneira,
aquilo que mais temo ser:
sou  frágil.

Pobreza agora é crime!

Pobreza agora é crime!








Uma mulher de 74 anos ficou presa por mais de 30 horas por atrasar o pagamento da pensão alimentícia dos netos. O caso aconteceu em Vianópolis, município de 12.548 habitantes, a 95 km de Goiânia. Comovidos, os moradores da cidade se uniram, pagaram o valor da pensão atrasada e Luzia foi solta no fim da tarde de quarta-feira (29).

Além da idade avançada, Luzia tem problemas de saúde como hipertensão e labirintite. “Eu ganho só R$ 272. Então, tomo remédio controlado e seis remédios diferentes. Não estou podendo comprar nem os meus remédios agora. Não estou em condições de pagar a pensão”, explica.
Ai vozinha, Deus te perdoe, te abençõe e te recompense por tudo aquilo que a pátria que te 
pariu e a teus filhos e aos filhos dos teus filhos te negou, te privou, te culpou, bateu o 
mar!telo, e te condenou! 
Santa inquisição capitalista selvagem!!! Cadeia para os famintos!!!


ULTRA TURBO SEMPRE FRONTEIRA INFINITO JUNTO VIDA BAHH!!!




Tô pensando na fidelidade com que todas as operadoras de serviços-mil nos fisgam e manipulam. Ditam nossas necessidades, fornecem o serviço que acham suficiente, criam as condições, enchem nossa mente com os senões, excessões, validades, limites, bônus, créditos, e o drible é inevitável para o pobre consumidor ocupado em trabalhar para poder custear o serviço que não sobra tempo para estudar, internalizar e depois de aprender tudo, atualizar; pois a regra vai mudando conforme o usuário vai aprendendo a tirar algum proveito das tão decantadas vantagens...
as cartilhas e contratos extensos são a garantia que você vai calcular mal em algum momento, então você paga uma grana porque você não leu as condições... aí você fica um pouco mais esperto, mas atrás de você tem outros milhares que também vão errar"... - e pagar pelo seu erro!
Por que precisamos de tantas mentiras? Porque os sentimentos de satisfação, alegria, prazer, diversão, felicidade, segurança, bem estar, amor, amizade,  viraram ítens da prateleira das operadoras do consumismo insano que vai contagiando a muitos e enriquecendo a alguns...?
Seria mais fácil (cômodo) comprar coisas com esses rótulos do que que viver e experimentar as verdadeiras sensações e relações?

A arrumação não pode parar...

Nunca este humano esteve tão flagrantemente humano, as cores, fontes, gadgets, misturadas... design novo e links antigos... ai ai parece que um temporal passou por aqui... mas calma que já estou trabalhando na recuperação da boa e velha ordem rs