Sobre a Psico-higiene Resenha

O mestre Bleger me surpreende com o texto: O psicólogo clínico e a higiene mental.


A princípio ele nos mostra e exemplifica com o caso da medicina que se ateem por atuar nas emergências, ou seja quando o sujeito já adoeceu e necessita de cuidados urgentes que não teriam a necessidade de aparecer caso tivesse sido feita uma medicina preventiva de forma correta. Porém isso é um paradigma de toda a profissão que nasce desde o primeiro dia de aula universitário, uma medicina fundamentalmente assistencial. Ou seja espera-se que a pessoa adoeça para, então, cura-lá, em lugar de evitar que a doença se instale já que somos capazes disto. Promover um melhor nível da saúde. E em meio a infinitude de áreas de atuação do psicólogo clínico; mas se este está voltado para os problemas da psicologia da saúde ele tem de se situar no até agora pouco definido campo da higiene mental, e a medida que o vá fazendo o campo irá se configurando mais clara e nitidamente. Obviamente que o psicólogo clínico esteja devidamente preparado e instruído nesta prática. A função social do psicólogo clínico não deve se limitar a terapia individual e sim a saúde pública e, dentro dela, a higiene mental. Não é coerente esperar que a pessoa adoeça para poder intervir. Estas são verdades que não se põem teoricamente em dúvida, mas que não se fazem ainda práticas na dimensão necessária.
Higiene mental e psico-higiene
Quando abordamos tal problemática temos notado que o psicólogo se faz professor, e vem a lecionar para grupos aulas basicamente de psicologia, psicopatologia, psicologia evolutiva e psiquiatria. E conhecer os assuntos não é conhecer a higiene mental ainda que esta ultima se pressuponha os primeiros. Podendo ser considerado em suma como o fundamental para a prática é a administração dos conhecimentos, atividades técnicas e recursos psicológicos que já foram adquiridos para lidar com os fenômenos sociais e coletivos. É desejável uma mudança na atitude do estudante de psicologia e do profissional, levando seu interesse fundamental desde o campo da doença e da terapia até o da saúde da comunidade.
O objetivo mais recente da higiene mental não mais é a doença ou à sua profilaxia e sim a promoção de um maior equilíbrio, de um melhor nível de saúde na população. Ou seja tira-se o foco da doença ou ausência da mesma, e sim o desenvolvimento pleno dos indivíduos e da comunidade total. E essa é a grande questão de nossa discussão o psicólogo clínico ocupa um lugar em toda a equipe da saúde pública, em qualquer e em todos os objetivos da higiene mental nos quais tem funções específicas a cumprir (as da psico-higiene).
Devemos é claro estudar e ficar prevenidos a atitudes e aos preconceitos dos outros profissionais e até mesmo de outros psicólogos frente a psico-higiene. Não dando margem para que possa ser vista a psicologia clínica como impotente nem tão pouco como onipotente. O profissional deve agir em sua condição inseparável de ser humano: um não deve absorver nem anular o outro. (isso me remete drasticamente o conceito e a atuação e postura de vida do Gestalt-terapeuta).
O relatório n. 31 da OMS de dezembro de 1952 diz que “a higiene mental consiste nas atividades e técnicas que promovem e mantêm a saúde mental.” Porém quando algums situam o psicólogo clínico como auxiliar da medicina é porque não se entendeu a função e extensão da psico-higiene, reduzindo a à terapia das neuroses e psicoses. O psicólogo clínico opera na realidade com esquemas conceituais e com técnicas que corresponde mais ao campo da aprendizagem ao que da clínica. (o que eu pessoalmente posso discordar tratando-se da psicologia clínica, já na psico-higiene é totalmente aceitável)
Nos elege também questões que vão nos acompanhar a longo prazo como, com a psico-higiene onde intervir? Sobre quem ou quê? Como? Com quê? E tendo isso é paradigma do psicólogo clínico abrir seu consultório e esperar que as pessoas adoeçam , e isto é o que não se deve fazer pensando em uma atividade racional e frutífera.
O psicólogo clínico deve sair em busca do seu “cliente”: a pessoa no curso do seu trabalho cotidiano. E isto abre uma perspectiva ampla para a saúde da população e uma fonte profunda de satisfação para o profissional.



Como profissional da instituição o mesmo deve analisar investigar e tratar, pois é seu primeiro cliente. O psicólogo é um especialista em tensões da relação ou comunicação humana e é seu material de trabalho. Facilmente dedutível o psicólogo intervém em tudo perante as relações humanas em suas manifestações. Toca também assumir um papel de todos os processos: terapêutica, profilaxia, reabilitação e diagnóstico precoce. Nos atendo mais a promoção da saúde pois é visto como o caminho ideal. Devendo atentamente o psicólogo clínico se precaver contra uma conduta que possa ser não tão bem compreendida, como estados de mania, atitudes paranóides ou hipocondríacas na população.
Pessoalmente o texto magnífico, me fez sentir como se estivesse reafirmando uma postura que consigo observar ao meu redor, não somente na instituição, mas em qualquer ambiente grupal. Pois assim que se sabe a carreira da ‘pessoa’ psicólogo clínico, ele tem seu poder revelado, e assim lhe é permitido e autorizado internamente pelas pessoas, o que facilita e da margem para uma aplicação preventiva e em prol de uma promoção de saúde coletiva.